quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Auto conhecer-se


Sempre fui uma pessoa tranqüila, fato. Mas ultimamente o mundo vem me corroendo e pra piorar tento inutilmente expressar isso com palavras. Mais e mais venho pensando que talvez, (deixo minha tese na hipótese para nunca acreditar que possa ser verdade) talvez eu não seja tão “eu” quanto me vendo.
Vejo o meu eu como mais selvagem, como num texto de Fernanda Young, não me permito cogitar a idéia de ser a “Prezada Mulherzinha”.

"...Seja honesta uma vez na vida: confesse. Que você não é nada tão wild quanto se vende. Que não sabe falar tão bem inglês assim. Que fez escova progressiva. Que tem dermatite. E enfim você terá alguma paz, pois se reconhece humana, e não a barbie boba que você procura ser. Acredite: idiotice só te faz charmosa para os cafajestes. Se continuar assim, nunca vai aparecer aquele cara bacana que você gostaria que aparecesse; para lutar por você, até te conquistar, e destruir essa tua linda silhueta com uma gestação de 15 quilos.
É triste, amiga Mulherzinha, mas você terá que abrir mão da máscara de rímel que cobre a sua verdade."

E o que leio me apavora, de um jeito tão interno e pessoal. Nunca tive medo de ser enganada, exceto por mim mesma, ver que quem sabe, eu seja mais previsível do que imaginava, que o que eu acredito saber seja só uma crença obstinada de quem na verdade nada sabe. Não me permito acreditar nisso, pois se eu não for que penso que sou, todos a minha volta, logicamente, também não serão. O mundo visto desse ângulo é apavorante, nada nos garante absolutamente nada, a única coisa certa nessa vida é a morte. Morte, tão seria e sempre aparentemente tão distante, recuse-me a falar muito sobre ela, ela não serve para ser escrita, chega e vai com tamanha pressa...
Sinto-me inútil, tanto diante da morte quando da vida, recuso-me a acreditar que não posso mudar o curso das coisas, novamente aquela louca e antiga idéia de mudar o mundo, e agora perceber que ela não parou por ai, sempre quis mudar o mundo ou morrer tentando e agora percebo que basicamente de nada vale uma vida.
Enquanto você lê, muita gente já morreu, não sentimos falta de nenhuma delas, são poucas as vidas recordadas, grandes escritores como William Shakespeare, gênios como Albert Einstein, e nos? Somos em maioria seres esquecíveis, passageiros e que nada de útil deixam, tenho medo de pensar o que serei após minha morte, se meu “talento” será visto ou será apenas mais algumas palavras no mundo.

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