sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Alice e o Chá da Estagnação

Presa na imensa rede de estagnação. A vida não avança enquanto corre. Não há tempo, o matamos e como no conto de Alice e este ofendido para de passar, enquanto ainda corre, para de mudar e evoluir e nos prende a um chá da tarde sem fim. Chá agora solitário, compartilhado com desconhecidos, levando a uma loucura mais enfadonha e depressiva do que a loucura da lebre de março.
São interessantes as teias que prendem os integrantes desse chá, são loucos, mas loucos por ficarem presos ou presos no infinito chá por serem loucos? Acreditam no cárcere ou estão preso?
Provavelmente o melhor jeito de mante-los assim é continuar fornecendo chá e biscoitos e questões sem importância, “por que um corvo se parece com uma escrivaninha?”.
Encho o texto de duplos sentidos que convido ao bom leitor refletir. Feitas as considerações, convido a continuar.
Muito falamos sobre nosso cárcere, embora pouco possamos dizer sobre onde estão as grades. Penso ter vislumbrado uma das paredes, seria a estagnação? As outras paredes aparecem como um borrão, acompanhadas de uma ideia vaga do que sejam, mas esta me parece reconhecível.
Estas grades da estagnação são compostas de diversas hastes de metal, que posso nomear (corretamente ou não), são eles a rotina, a informação distorcida, o excesso de informações desnecessárias, os passatempos convidativos/viciantes/inúteis, a educação desprovida de bases filosóficas e morais adequadas (sem sentido), o sentimento de exclusão e injustiça somado a ideia irreversibilidade, a falta de fé e espiritualidade (não apenas religiosa, mas moral e política), etc.
E eu digo, AGRADEÇAM POR SEREM BRASILEIROS! Não é em todo lugar que as grades ficam tão visíveis quanto aqui para seu próprio povo, até eu pareço reconhecer as grades, estão escancaradas em nossas caras, que gentilmente sempre são viradas para o outro lado.
E  que eu posso dizer, se após fazer a critica me dou uma pausa para jogar no celular? Posso apenas pedir ajuda, após oferecer essa singela porem bastante considerada e reconsiderada critica, pedir que não siga o conceito bastante utilizado pela TV de jogar uma noticia em cima de outra, sem dando ao telespectador oportunidade para refletir, pois essa pausa parece despertar um efeito aterrorizante no poder governante, se hoje pensamos, o que poderemos ser capazes de fazer amanhã? (e estes governantes estão tão presos quanto nos, o que muda é o conforto da cela, assunto futuro).

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Minha defesa

“Quem se insurge (revolta) em geral contra todos os aspectos da vida não deve ser inimigo de ninguém, mas unicamente do vicio em toda a sua extensão e totalidade. Se houver, pois, alguém que se sinta ofendido por isso, devera procurar descobrir as suas próprias malesas, porque, do contrario, se tornara suspeito ao mostrar receio de ser objeto de minha mensura” – Elogio da Loucura
É assim que defendo-me de todos aqueles (inclusive eu mesma) que pensaram ser ofensivo meu ultimo texto (acho reconfortante pensar que alguém pensou nele).
Como lema de cabeceira adotei a frase “não é saudável ser normal em uma sociedade doente”, mas quero deixar muito claro que a culpa dessa sociedade doente não é vossa, mas a cura sim.
Como? Confesso que não sei e não estou perto da resposta (tão distante quanto Pink Floid tentando achar uma porta na parede). Mas diagnosticando a sociedade receitaria critica, mas não a critica tosca a qual todos estamos acostumados, mas advinda de muita pesquisa e muito pensar. A formação de opinião está muito comprometida em nossas vidas, a opinião normalmente baseia-se em argumentos fracos ou vagos, não passam pelo senso critico e logo são aceitos pelo senso comum.
Novamente citarei Pink Floid neste texto, relembrando que somos apenas mais um tijolo na parede, mas um tijolo a menos vai deixa-la, pelo mínimo que seja, enfraquecida. Deixe um pouco de lado o ter e o econômico e confira seu ser, de onde vem suas bases éticas, quais são as raízes de sua opinião, qual é sua historia. Não é sua culpa a sociedade ser assim tão possessiva.
Se o cenário fosse outro e vivêssemos na década passada o antídoto seria quase inalcançável, destinado apenas a elite que possui mais do que a opinião de um canal de televisão corrompido. Mas a TV Globo não é hoje seu único jornal e fonte de informação, você tem o antídoto, mas então decidiram chamar o antídoto de chato e deixa-lo envelhecer coberto de pó por nossa própria vontade, enquanto nossa vontade passa a ser tiras humorísticas, sites de relacionamento (e em decorrência disto a vida alheia), noticias com pouca importância e repetitivas, gatos e afins.
Estamos acorrentados ao alcance de nossa chave mas não nos movemos em sua direção, quem sabe os grilhões machuquem nessa caminhada, mas é um preço baixo a se pagar pela liberdade de uma mente incrível, pensativa, especulativa e nada menos do que brilhante que é ofuscada diariamente com lixo.
Novamente, a sua mente não é um lixo, mesmo com toda a mídia tentando torna-la maleável e fácil de controlar, sua mente é infinitamente poderosa, e o velho clichê repetido tantas vezes e levado a sério tão pouco diz que podem tirar tudo de um homem, menos seu conhecimento.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Não seja nulo

Existem por ai diversas pessoas negativas,  briguentas, injustas, que recebem troco a mais, que jogam lixo na rua, abandonam os animais, etc.
Mas pouquíssimas pessoas são positivas, pouquíssima estão a fim de ajudar, não seja nulo! Se você presenciar algo imoral, fale, se ver lixo na rua, não reclame tanto, ajunte, eu sei que não foi você,  mas não custa nada tentar arrumar esse mundo. Eu não sei se quem pede esmolas não tem outra opção, você também não sabe então, se puder, ajude!
Ao invés de comprar seu lindo filhote com pedigree, adotar um cão vira-lata vai lhe trazer o mesmo amor e satisfação.
Perceba que estamos em uma era em que ostentação é a moda do momento, não caia nessa, seja você mesmo, em sua melhor forma, seja alguém bom.
Eu sei que não atrapalha o mundo ser nulo, mas no momento precisamos ajuda-lo. Não caia no controle da mídia, não ache ser estúpido bonito, não ache o berreiro da novela legal e nem as musicas ostensivas. Você gosta realmente de se rebaixar tanto para ser uma poderosa? Não seja burro, não utilize a internet só para as redes sociais, pesquise, sabia que existem musicas que supostamente aumentam nossa inteligência? Escute Mozart, mesmo com todo mundo dizendo que é chato e velho, quem sabe você não goste, mas pelo menos VOCÊ DECIDIU isso, não deixe que os outros decidam por você!
Faça uma coisa boa por dia, ajunte um lixo, pesquise algo que irá aumentar sua cultura. Não ouça aqueles que te controlam falando que política, religião e futebol não se discutem, discuta e descubra o que realmente é discutir.
Por favor, um papel de bala, uma garrafa de cerveja, não é tanto e muda tudo. Da próxima vez que ligar o radio, escute ao invés de apenas ouvir, ser critico e cético não é ser chato, é não aceitar sem pensar, é ter a própria opinião ao invés de seguir sempre o que nos dizem e gostar sempre do que nós dão, cavalo dado não se olha os dentes, mas se pararmos para dar uma olhadinha mais a fundo na TV aberta e decidirmos “não, não vou assistir isso” quem sabe, algum dia, algo mude, quem sabe finalmente o ser vai ser mais importante do que o ter, o pensar mais importante que o comprar, e não vamos mais achar engraçado o rei do camarote, não vamos achar engraçado dizer “agregar valor” por que eu me recuso a repetir e a prestigiar pessoas da ostentação, se é pra citar alguém, por que não alguém bom?  Não seja nulo, seja uma das pessoas que salva o mundo.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

No fundo

Deixar fluir, ou melhor, deixar-se fluir. Por que temos sempre que suprimir quem somos?  Desde a infância escondo-me, entre araras de lojas, embaixo da cama e em minha própria mente. Por que, se não posso ser eu mesma, pra que aparecer? De que vale ser alguém se não quem realmente se é e se quer ser?
Até que finalmente, anos suprimidos fazem alguns estragos, como era de se esperar, tantos anos se escondendo não fazem você poder ser você mesmo depois, você vira uma pessoa esquiva e calada, mesmo que no fundo você saiba que não é assim, na minha mente ainda tenho diversos ótimos diálogos, enquanto na vida real encabulo-me em dizer meias palavras.
E não há quem culpar, mesmo que gostaríamos de jogar todos nossos problemas para o próximo, eu sei que sempre fui no mínimo fraca e minha reclusão por sarcasmo da vida vinha do meu medo de ser excluída, nunca pensei que alguém fosse me entender, eu mal podia.
Mas ninguém pode entender completamente o próximo, ou até a si mesmos, somos racionais, sim, mas nossos impulsos irracionais muitas vezes passam sem serem percebidos por nos mesmos. E eu, bem, eu nunca me entendi, nunca senti que me encaixava, sempre fui grande demais, desengonçada demais, estranha demais, ou era isso que eu sempre pensei.
Observei uma vez dois cães da mesma ninhada que viraram vizinhos vivendo em famílias diferentes, o primeiro cão vivia numa família com crianças e pais que o tratavam como se fosse mais um filho, cresceu brincalhão e esperto, sempre pronto para novas brincadeiras sem nunca avançar ou morder, senão mordidas de mentira que mais enchem a mão de baba do que doem. O outro cão, numa família não digo menos carinhosa, mas menos alegre e brincalhona, desaprendeu a brincar e não mais o fazia, o ambiente simplesmente o ensinou a não encher o saco e ficar no seu canto e, sem saber brincar, mordia quem tentava brincar com ele.

Eu adoraria ser o primeiro cachorro, mas não sou, tampouco me deixo acreditar que sou o segundo cachorro e minha sina é viver uma vida sem saber aproveita-la, não sou um cachorro, não estou presa para sempre com meus donos, dependendo da vontade deles para meu comportamento, sou livre e humana e posso mudar, posso construir meu ambiente para ser feliz ou simplesmente nunca aprender o truque novo de sentar e ficar que tanto anseiam por me ensinar.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Quem quer ler isso?

Imagina só ter toda a informação do mundo. Tudo bem, é difícil, mas imagina ter toda a informação não confidencial do mundo, imagina ter conhecimento.
E possuir um meio de trocar conhecimentos, trocar ideias. Imagina um meio de poder falar pro mundo o que está acontecendo em sua cidade, poder ler com confiança na veracidade dos fatos, e em cada leitura descobrir uma coisa nova.
Imaginou?
Pois é, o pior e pensar que temos isso, temos o melhor meio de comunicação e divulgação do conhecimento, e o que fizemos? Abarrotamos de posts no estilo “vou dormir”, “estou entediado”, “estou com raiva” e montes e mais montes de melodrama em textos bem formatados que você não escreveu, mas se encaixam perfeitamente em sua situação superimportante atual, ou quem sabe aquela imagem super profunda te tocou com aquela frase que não faz nenhum sentido com a imagem, mas você gosta de coisas profundas.
Não sou contra usar o facebook de forma pessoal, colocar sua opinião. Mas tem que ter opinião pelo menos, eu penso antes de escrever, tanto é que metade do que penso postar não posto porque penso “QUEM QUER SABER ISSO?” e as vezes, ninguém quer saber.
Sim, meu próprio facebook tem coisas desimportantes, como o de todo mundo, mas penso que na maioria das vezes penso antes de escrever. Escrevo minhas palavras e acho legal pensar pra ter a própria opinião e pesquisar um pouquinho por que usar o Google não é difícil.
E quem quer escrever coisas profundas que menos de 1/10 amigos do facebook vão entender, por que não faz como eu e se for reclamar reclama em um blog que você pode mandar só para seus amigos? Postando um link no facebook ao invés de um texto, apenas pessoas interessadas irão ler, certo?
O que vai deixar os outros 9/10 livres de coisas que não eram destinadas a eles e que não acrescentam nenhum conhecimento a ninguém. Que tal?
Sem nem mencionar o twitter, que virou um pequeno diário de algumas pessoas que acho que não devem ter entendido pra que ele serve, ou pior ainda, usam como bate-papo, falando com uma só pessoa, mas poluindo a tela de todo mundo.
Existe chat no face e skype se você quiser falar com alguém, existe blog pra ter sentimentalismo, existe facebook pra falar algo que interesse a mais de 10% de seus amigos, postar fotos e ter opinião e existe o twitter para frases inteligentes, acontecimentos interessantes (não, dizer bom dia e boa noite não é interessante).
Acho realmente triste ver uma ideia tão legal se tornar tão superfula e sem sentido. E se eu puder pedir uma coisa, uma única coisa, faça como eu e se pergunte “Quem quer ler isso?”.
Se ninguém quer ler, não poste, se seus amigos próximos querem ler, faça um grupo e poste isso no seu grupo, e se você pensar TODOS DEVIAM LER ISSO, ai sim, por favor, poste pois estarei cheia de vontade de ler.