sábado, 26 de fevereiro de 2011

Caçada

Sempre percebi a mim como alguém que busca chegar ao fim, e percebo que não é o caminho que me estimula, não é avistar o fim que me anima, é aquela sensação de eu posso, eu quero e lutarei por isso.
Quantos amores eu perdi desta maneira... Muitos, tenho medo de contá-los. Simplesmente não me é indispensável ver-me naquela corrida incessante por amor, tampouco me sinto plena quando o alcancei, mas o que me move, o que alimenta meus dias banais é pensar, pensar que eu vou conseguir, que continuo na luta. Essa fome por ter, por conquistar me torna caçadora, uma caçadora de momentos, daquela sensação que vicia meu corpo enchendo-o com a expectativa de alcançar, de possuir.
Encontro-me nos versos de Mario Quintana que disse:


"Só o desejo inquieto, que não passa,
Faz o encanto da coisa desejada ...
E terminamos desdenhando a caça
Pela doida aventura da caçada."


Deleito-me ao pensar que estou tão perto, o que faz aquela luzinha vermelha acender em minha consciência. Alerta de algo errado? Agora não amor, agora não, primeiro vamos nos divertir um pouco, depois damos um jeito nisso.
Eu sei, eu sempre sei que depois será tarde demais, mas sei também que se me adiantar, o que lutei pra conquistar quem sabe se perderá, sumirá de modo com que, nem a sensação que me levou em frente reste.
Sinto-me na imperfeição completa, como se não houvesse mais saída, como se todas as portas sempre se fechassem na minha cara, mas devo também lembrar que nunca em minha vida uma oportunidade chamou pelo meu nome e esperou que eu chegasse até ela. Sempre quando eu, correndo ofegante começava a me aproximar do que sempre busquei, o premio desaparecia, ia sumindo, evaporando em minha frente, muitas vezes quando eu conseguia até mesmo senti-lo em mãos. Tenho medo de chegar, tenho medo de te alcançar, mas meu principal medo é que você suma.

2 comentários:

  1. Algumas caças brincam com o caçador, justamente por se sentirem caçadas.

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  2. é uma opinião...
    no fim das contas, somos apenas caças e caçadores(as) que fingem ter controle sobre q papel atuamos.
    Obrigado por comentar, bjo.

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