quarta-feira, 31 de julho de 2013

No fundo

Deixar fluir, ou melhor, deixar-se fluir. Por que temos sempre que suprimir quem somos?  Desde a infância escondo-me, entre araras de lojas, embaixo da cama e em minha própria mente. Por que, se não posso ser eu mesma, pra que aparecer? De que vale ser alguém se não quem realmente se é e se quer ser?
Até que finalmente, anos suprimidos fazem alguns estragos, como era de se esperar, tantos anos se escondendo não fazem você poder ser você mesmo depois, você vira uma pessoa esquiva e calada, mesmo que no fundo você saiba que não é assim, na minha mente ainda tenho diversos ótimos diálogos, enquanto na vida real encabulo-me em dizer meias palavras.
E não há quem culpar, mesmo que gostaríamos de jogar todos nossos problemas para o próximo, eu sei que sempre fui no mínimo fraca e minha reclusão por sarcasmo da vida vinha do meu medo de ser excluída, nunca pensei que alguém fosse me entender, eu mal podia.
Mas ninguém pode entender completamente o próximo, ou até a si mesmos, somos racionais, sim, mas nossos impulsos irracionais muitas vezes passam sem serem percebidos por nos mesmos. E eu, bem, eu nunca me entendi, nunca senti que me encaixava, sempre fui grande demais, desengonçada demais, estranha demais, ou era isso que eu sempre pensei.
Observei uma vez dois cães da mesma ninhada que viraram vizinhos vivendo em famílias diferentes, o primeiro cão vivia numa família com crianças e pais que o tratavam como se fosse mais um filho, cresceu brincalhão e esperto, sempre pronto para novas brincadeiras sem nunca avançar ou morder, senão mordidas de mentira que mais enchem a mão de baba do que doem. O outro cão, numa família não digo menos carinhosa, mas menos alegre e brincalhona, desaprendeu a brincar e não mais o fazia, o ambiente simplesmente o ensinou a não encher o saco e ficar no seu canto e, sem saber brincar, mordia quem tentava brincar com ele.

Eu adoraria ser o primeiro cachorro, mas não sou, tampouco me deixo acreditar que sou o segundo cachorro e minha sina é viver uma vida sem saber aproveita-la, não sou um cachorro, não estou presa para sempre com meus donos, dependendo da vontade deles para meu comportamento, sou livre e humana e posso mudar, posso construir meu ambiente para ser feliz ou simplesmente nunca aprender o truque novo de sentar e ficar que tanto anseiam por me ensinar.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Quem quer ler isso?

Imagina só ter toda a informação do mundo. Tudo bem, é difícil, mas imagina ter toda a informação não confidencial do mundo, imagina ter conhecimento.
E possuir um meio de trocar conhecimentos, trocar ideias. Imagina um meio de poder falar pro mundo o que está acontecendo em sua cidade, poder ler com confiança na veracidade dos fatos, e em cada leitura descobrir uma coisa nova.
Imaginou?
Pois é, o pior e pensar que temos isso, temos o melhor meio de comunicação e divulgação do conhecimento, e o que fizemos? Abarrotamos de posts no estilo “vou dormir”, “estou entediado”, “estou com raiva” e montes e mais montes de melodrama em textos bem formatados que você não escreveu, mas se encaixam perfeitamente em sua situação superimportante atual, ou quem sabe aquela imagem super profunda te tocou com aquela frase que não faz nenhum sentido com a imagem, mas você gosta de coisas profundas.
Não sou contra usar o facebook de forma pessoal, colocar sua opinião. Mas tem que ter opinião pelo menos, eu penso antes de escrever, tanto é que metade do que penso postar não posto porque penso “QUEM QUER SABER ISSO?” e as vezes, ninguém quer saber.
Sim, meu próprio facebook tem coisas desimportantes, como o de todo mundo, mas penso que na maioria das vezes penso antes de escrever. Escrevo minhas palavras e acho legal pensar pra ter a própria opinião e pesquisar um pouquinho por que usar o Google não é difícil.
E quem quer escrever coisas profundas que menos de 1/10 amigos do facebook vão entender, por que não faz como eu e se for reclamar reclama em um blog que você pode mandar só para seus amigos? Postando um link no facebook ao invés de um texto, apenas pessoas interessadas irão ler, certo?
O que vai deixar os outros 9/10 livres de coisas que não eram destinadas a eles e que não acrescentam nenhum conhecimento a ninguém. Que tal?
Sem nem mencionar o twitter, que virou um pequeno diário de algumas pessoas que acho que não devem ter entendido pra que ele serve, ou pior ainda, usam como bate-papo, falando com uma só pessoa, mas poluindo a tela de todo mundo.
Existe chat no face e skype se você quiser falar com alguém, existe blog pra ter sentimentalismo, existe facebook pra falar algo que interesse a mais de 10% de seus amigos, postar fotos e ter opinião e existe o twitter para frases inteligentes, acontecimentos interessantes (não, dizer bom dia e boa noite não é interessante).
Acho realmente triste ver uma ideia tão legal se tornar tão superfula e sem sentido. E se eu puder pedir uma coisa, uma única coisa, faça como eu e se pergunte “Quem quer ler isso?”.
Se ninguém quer ler, não poste, se seus amigos próximos querem ler, faça um grupo e poste isso no seu grupo, e se você pensar TODOS DEVIAM LER ISSO, ai sim, por favor, poste pois estarei cheia de vontade de ler.