quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Eternidade de sorrisos

Vidas esperando a morte, insanidade de um ritmo desenfreado, falta água, falta luz, falta amor. E no meio da decadência de um mundo não encontrado (e um tanto quanto perdido), vejo um sorriso. Não um sorriso de canto de boca, não um sorriso de pêsames, um sorriso do jeito que deve ser, e este me alimenta até a eternidade.
Mas a eternidade só pertence aos que nunca findam, não a mim ser mortal, logo minha carne putrefaria por tanto existir. Não me é pessimista pensar na morte como fato certo, mas pensar naqueles que amo, naqueles os quais eu dividiria a eternidade, estes não irão, não morrerão, o tempo e os vermes nunca poderão levá-los embora, são eternos.
No fim das contas, a vida é uma eternidade que acaba quando a vida finda e, se minha intenção fosse fazer poesia, poderia dizer que a vida é linda, mas a beleza é ilusão. Ninguém ama pelos olhos, tampouco pelo coração, já foi dito que as paixões eram regidas pelo fígado, hoje não acredito mais nas invenções que criamos para o “difícil de entender”, mesmo brutesco e frio, amo com a cabeça, o cérebro, com a mente e a razão, é impossível entregar seu coração a alguém, mas inevitavelmente haverá um dia em que muitos dos seus pensamentos serão utilizados para pensar no mesmo ser humano, no mesmo sorriso.


[Trecho do Livro 'A Máquina']
Seu coração disse pra sua cabeça, vá, e sua cabeça disse pra sua coragem, vou, e sua coragem respondeu, vou nada, mas sua boca não ouviu e beijou.
Adriana Falcão